Parei para refletir quanto a esta questão e me perguntei de fato o homem é sincero?
Sempre revela este aquilo que se supõe de maneira real, ou algo torce o que se diria em troca de um acordo que promova o bem-estar?
Percebi que o homem hesita em ser sincero, em troca da economia de seu desejo, refutando as consequências, faz um acordo com o outro, em troca do seu bem estar.
Ser sincero implica em assumir aquilo que o outro, talvez não aceite e assumir esta questão, faz o homem assumir meias verdades com valor de mentira.
Falar de fato aquilo que é, faz perder o chão, perder amigos, perder prestigio perder a honra e talvez até perder a moral.
A sinceridade, habitante das terras do REAL, anda escondida, revelando-se as meias implicações de um verbo inconjugável, como relação impossível.
Ser sincero é preço caro e raro, é encontrar quem esteja disposto a ser entregue aqueles que borbulharão de tremor, ao perderem suas autarquias, reveladas como construções feitas com a areia do mar.
Esconde-se a verdade insuportável, transformando mentiras repetidas várias vezes e, tornando-as verdades imaginárias que nem de perto revelam aquilo que jamais suportaria.
Dão-se nomes a essas meias-verdades, como tentativa de fazer o outro suportar aquilo que nós classificamos como intangível.
Mas está aqui, aqui mesmo, a verdade que não se quis mostrar, escondendo o jogo, engolindo a fio, o medo de perder, de estremecer os alicerces daquilo que não há, mas se supõe ter como garantia deste lugar, almejado, venerado, idealizado, mas jamais alcançado.
És tu Real, que pões a mesa, aquilo que não se quer trazer a baila, que impões ao sujeito, aquilo que se rejeita aceitar quando se atravessa e limita aquele que supunha ser, aquilo que só de longe imaginava.
Rejeita-se e esconde o jogo, racionalizamos na tentativa de negar aquilo que jaz, abdica-se e transfere aquilo que perturba, desloca e transforma em investimento a tentativa de não querer aceitar, escondendo do outro aquilo que jamais negará a si.
Mentiroso e falso se tornaram, enganando e sendo enganados, aqueles que exigem do outro, aquilo que não são capazes de se tornar, vendendo sua sinceridade por preço irrecuperável.
Por exigir do outro aquilo que não se reparará em si, buscará para todo sempre a verdade que supõe não existir, nas malhas da ficção que insiste em mostrar o Real do qual a todo tempo, busca-se afastar.
Qual o preço da sua sinceridade?